"Nuvens não são esferas, montanhas não são cones, continentes não são círculos, um latido não é contínuo e um raio não viaja em linha reta".
Benoit Mandelbrot

Apresentação


As estórias de mistério e terror sempre exerceram um grande fascínio sobre os amantes da literatura. Criado pelo gênio Edgar Allan Poe, num contexto de transformação histórica que imprimiu ao espírito criativo e inquieto dos autores daquele tempo as maiores expressões de angústia e incerteza diante do desconhecido, imortalizadas em personagens que atravessaram o tempo e que, ainda hoje, exercem imensa influência na produção literária de quase todos os autores do gênero, este nunca deixou de ser, em virtude, decerto, da perpetuidade destas mesmas incertezas e angústias de outrora, um dos gêneros de maior sucesso e procura pelo público atualmente.

Estas estórias, nascidas como gênero literário, transcenderam a literatura e estenderam-se às mídias que se desenvolveram com o passar dos anos, alcançando, com o mesmo êxito, um público ainda maior, graças ao caráter global de difusão da cultura que, hoje, conhecemos. Pelo mundo, um número cada vez mais significativo de autores, quadrinhistas, e cineastas, vêm se dedicando à produção das estórias de mistério e terror, tão largamente difundidas, e tão assiduamente consumidas pelo público, o que é ainda mais interessante, de todas as idades.

Neste sentido, e no intuito de buscar contribuir com o desenvolvimento nacional deste gênero na atualidade, Marcela Godoy propõe com FRACTAL uma estória de mistério e terror inspirada nos medos e angústias conhecidos de quem mora numa cidade grande brasileira, aproximando o leitor deste conto urbano ao trazê-lo para um lugar conhecido, estabelecendo, assim, um vínculo real e tangível entre ele e o palco da ficção.

A narrativa, de ritmo cinematográfico, encontra na cidade de São Paulo o cenário dos acontecimentos. Por se tratar de um conto policial, permeado por sutilezas sobrenaturais, a autora teve o cuidado de conduzir larga pesquisa junto às autoridades policiais com o intuito de se familiarizar com os métodos de investigação criminal empregados no Brasil, mais especificamente, no Estado de São Paulo.

O laboratório de quatro meses teve como resultado um conto de 64 páginas que abarca, dentro do universo ficcional, particularidades reais e cotidianas conhecidas do cidadão paulistano, e que visa não somente entreter os leitores deste gênero, mas também aproximá-los de nossa cidade, de nossos problemas e sentimentos mais profundos que podem, ou não, alimentar a mórbida atração que quase naturalmente sentimos por tudo o que nos causa medo e terror.